14/08/2009
Aids-Ásia: Justiça social é a receita
Por Johanna Son, da IPS
Bali, Indonésia, 14/08/2008 (IPS/TerraViva*) – A receita que milhares de especialistas deram na conferência sobre aids (síndrome da deficiência imunológica adquirida) nesta cidade foi mais do que clara: deve-se lutar contra as desigualdades sociais e políticas para que os esforços contra a doença tenham máxima eficiência. Reconhecer que é hora de olhar além das dimensões médicas e científicas da luta da região contra o HIV (vírus da deficiência imunológica humana) e a aids foi a conclusão das mais de 200 sessões da Nona Conferência Internacional sobre Aids na Ásia Pacífico (Icaap).
O encontro, que começou domingo e terminou na quinta-feira versou sobre diversos temas, como estigma e discriminação, sexualidade e gênero, escassez de recursos, participação da comunidade, redução dos danos, direitos humanos, homens que fazem sexo com outros homens, drogas e leis que penalizam o comportamento de certos grupos. No encerramento, no Centro de Convenções Internacionais de Bali, o diretor regional da Organização Mundial da Saúde para o sudeste asiático, Samlee Plianbangchang, dedicou mais tempo aos aspectos sociais da epidemia do que aos biomédicos. “A igualdade e a justiça social são de vital importância para responder à epidemia de HIV/aids”,afirmou perante cerca de 3.600 participantes.
“O HIV continua sendo um dos maiores desafios de nossos tempos para a saúde pública. Na região da Ásia Pacífico, afeta as populações mais vulneráveis e difíceis de alcançar, especialmente os trabalhadores sexuais, os homens que mantêm sexo com outros homens e os viciados em drogas injetáveis”, acrescentou Plianbangchang. É por estas características da epidemia – há cinco milhões de pessoas com HIV e aids na região – que se deve fazer esforços especiais para mudar as atitudes sociais de modo que os grupos de difícil alcance tenham as mesmas oportunidades de serem informados e receber tratamento.
“A principal mensagem é que, para tratar a aids, precisamos encarar as diferenças sócio-políticas e econômicas que levam à epidemia e restringem o acesso à informação, ao tratamento e à atenção”, disse Rosalia Sciortino, professora na Universidade Mahidol da Tailândia. Tratar as “condições estruturais” da epidemia ajudaria a reduzir as brechas entre Norte e Sul, ricos e pobres, mulheres e homens, entre diversas comunidades sexuais, entre maiorias e minorias, cidadãos e não cidadãos, entre imigrantes e refugiados, afirmou. “É necessária uma mudança social para controlar a aids. Os grupos não nascem vulneráveis, mas se tornam vulneráveis pelas sociedades que os marginalizam e exploram”, destacou Sciortino.
Grupos como os viciados, trabalhadores sexuais e homens que fazem sexo com outros homens – em geral com o estigma de que não merecem atenção ou de serem causadores de males sociais – são passados por alto, apesar dos importantes avanços obtidos na última década para aumentar o número de pessoas com HIV com acesso a medicamentos antirretrovirais. A discussão sobre HIV/aids costuma seguir a linha do conceito de “acesso para todos”, tema central da conferência de 2004, em Bangcoc. O número de pessoas que recebe tratamento antirretroviral aumentou na Ásia Pacífico mais que o triplo desde 2003, e hoje chega a 565 mil, segundo o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/aids. Em todo mundo, o número chega a quatro milhões.
Funcionários da Organização das Nações Unidas destacaram esta semana que a região está preparada para alcançar no próximo ano a meta de acesso universal ao tratamento. Os países com melhor desempenho são Tailândia, Laos e Camboja, onde mais de 80% das pessoas que precisam desses medicamentos têm acesso a eles. Em muitos outros países asiáticos, o progresso na resposta à epidemia nas últimas duas décadas se reflete na queda da prevalência do HIV e na maior expectativa de vida que os infectados agora gozam.
Mas, junto com os resultados positivos, as estatísticas também mostram tendências preocupantes, como aumento das infecções principalmente entre homens que fazem sexo com outros homens e entre viciados de drogas injetáveis. Quase um terço dos homens que têm sexo com homens disseram que sofreram assédio de alguma maneira, indicam os estudos, tornando mais difícil o acesso às campanhas de tratamento. Na Ásia, a Indonésia tem a maior proporção de viciados em drogas injetáveis infectados com HIV, de 60%, seguida da Birmânia com 50%. Outro grupo vulnerável é o das mulheres,especialmente as que têm relações intimas com companheiros com comportamentos de risco. As mulheres representam 35% de todas as novas infecções entre os adultos na Ásia.
* TerraViva é uma publicação independente da IPS.
http://envolverde.ig.com.br/materia.php?cod=61823&edt=1
(IPS/Envolverde)
Descrição do desenho
O desenho, feito pelo Paulo, artista de Lucena, uma cidade no litoral da Paraíba, passa um clima de descontração e alegria, próprio de praia e verão. Há 3 pessoas: à esquerda, um rapaz cego com o cão guia; ele é negro, está vestido com bermuda e camiseta, cabelo afro e óculos escuros. Na camiseta, a palavra “alegria” traduz o que ele sente.
Ao centro, uma garota loira, de vestido estampado, faz o sinal de “positivo”, que combina com o seu sorriso. Ela e o rapaz cego estão de pé.
À direita, o rapaz cadeirante, também vestindo bermuda e camiseta, está de bem com a vida.
O sol, à direita, no alto, brilha, iluminando a cena. Ao fundo, o farol do Cabo Branco.
No alto, o nome do seminário “AIDS e Deficiências: aprofundando a relação”. A letra “e” foi substituída pelo laço vermelho, símbolo internacional da AIDS.
Ao centro, uma garota loira, de vestido estampado, faz o sinal de “positivo”, que combina com o seu sorriso. Ela e o rapaz cego estão de pé.
À direita, o rapaz cadeirante, também vestindo bermuda e camiseta, está de bem com a vida.
O sol, à direita, no alto, brilha, iluminando a cena. Ao fundo, o farol do Cabo Branco.
No alto, o nome do seminário “AIDS e Deficiências: aprofundando a relação”. A letra “e” foi substituída pelo laço vermelho, símbolo internacional da AIDS.
segunda-feira, 17 de agosto de 2009
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